sexta-feira, 5 de abril de 2019

Texto do primeiro número da Revista do IEMG - O DOSSIÊ MEMÓRIA VIVA: A HISTÓRIA DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

Pesquisa e texto: Ronaldo Campos

DOSSIÊ MEMÓRIA VIVA: A HISTÓRIA DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

Pesquisa e texto: Ronaldo Campos
 
A origem do Instituto de Educação de Minas Gerais


Localizado no bairro Funcionários, próximo ao Parque Municipal, o Instituto de Educação de Minas Gerais (também conhecido como IEMG) ocupa a quadra de aproximadamente 13.200 m² e está delimitada pelas ruas Pernambuco, Timbiras, Paraíba e avenida Carandaí. É uma das mais tradicionais escolas públicas do Brasil e um dos monumentos mais significativos do conjunto arquitetônico e paisagístico de Belo Horizonte. Seu projeto, de autoria do desenhista e arquiteto Edgar Nascentes Coelho e execução de Francisco Soucasseaux, Aurélio Lobo e Bento Medeiros, adotou o espírito do estilo oficial utilizado para as edificações da época em que se criou a nova capital: o ecletismo mesclado com elementos neoclássicos e de outras escolas artísticas.
Concebido para ser o Gymnasio Mineiro, o prédio teve o início da sua construção no ano de 1897. As obras transcorreram rapidamente, sendo parte de alvenaria de pedra e parte de tijolos. No ano seguinte, as obras foram finalizadas, mas o prédio teve outra função. Foi destinado pelo governo para a instalação do Tribunal de Relação e demais departamentos do fórum.  
Em 08 de março de 1909, ocorreu a transferência da Escola Normal para o edifício do Tribunal de Relação. Em 1912, é realizada a primeira reforma do prédio da rua Pernambuco para melhor adequá-lo a sua nova função. Em 1920, é realizada a ampliação do salão nobre e a inauguração do cinema auditório. De 1926 a 1930, ocorre uma grande reforma do prédio da Escola Normal efetuada pela firma Rezende e Cia., dirigida e fiscalizada pelo engenheiro Paulo Costa, chefe do serviço de construção de edifícios escolares do Estado. Após a reforma foi apresentada uma nova fachada desenhada pelo arquiteto Carlos Santos (o mesmo que projetou o Grupo Escolar Pedro II). Manteve o mesmo partido arquitetônico, apesar das acentuadas modificações e demolições. (Figura 2) O ano de 1953 foi marcante para esse prédio, um terrível incêndio causado por um curto circuito, iniciado na biblioteca geral, destruiu toda a ala direita. Esta foi reconstruída e, em 1956, no ano do cinquentenário, foi inaugurada junto com o novo prédio anexo do Grupo Escolar de Demonstração do Instituto de Educação de Minas Gerais. Em 1982, mediante o decreto n° 21.966, de 15 de fevereiro de 1982, o prédio do Instituto de Educação de Minas Gerais foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais.

O ESTILO ECLÉTICO DA FACHADA DO PRÉDIO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

Uma parcela significativa do patrimônio histórico-artístico arquitetônico da capital mineira pode ser representada pelo estilo eclético historicista, que se manifestou em Belo Horizonte desde o início da sua construção até os anos de 1930. Pode-se observar em vários pontos da cidade muitos estilemas característicos de estéticas diferenciadas, de lugares ou períodos distintos da história da arquitetura. Tais como o classicismo da Antiguidade greco-romana, do renascimento italiano e do neoclássico, misturados com elementos do barroco, do rococó, da tradição árabe, românica, gótica, do art nouveau e do art déco. Utilizados de acordo com técnicas e práticas construtivas dos arquitetos, mestres de obras e as ideologias dos proprietários dos prédios. Um dos melhores exemplos de arquitetura eclética da capital mineira pode ser visto no belo prédio onde está instalado o Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). A fachada principal é marcada por uma escadaria ampla, colunata monumental e uma grande riqueza decorativa que concilia inúmeras influências formais e artísticas em uma composição requintada.
Inicialmente, para entender o significado simbólico do belo edifício da antiga Escola Normal da capital é necessário reconhecer as características chaves do período em que foi construído, além de delimitar o sentido do termo “ecletismo” e a sua extensão\aplicação histórica. De acordo com Reale (1995), o termo ecletismo aparece inicialmente na Grécia antiga quando Diógenes Laércio menciona uma “seita eclética” fundada em Potamon de Alexandria, contudo, receberá uma acepção mais precisa na historiografia filosófica moderna. De modo geral o ecletismo designa a tendência da arquitetura e das artes decorativas para ordenar livremente diversos estilos históricos com o objetivo de combinar virtudes de diferentes fontes em uma única obra sem com isso gerar um novo estilo. Os artistas que trabalharam nessa perspectiva acreditavam que o belo e a perfeição podem ser obtidos a partir da seleção e combinação das melhores qualidades características de grandes mestres e de obras primas. Na arquitetura, o ecletismo ocorreu no século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Surgiu na França, por volta de 1840, entendido como o “uso livre do passado”. Não se trata de uma simples cópia, mas da habilidade de mesclar as formas e características mais importantes estilos variados que contentem as demandas da época por todo tipo de edificação. O principal teórico do ecletismo arquitetônico foi o francês César Denis Daly (1811-1893). No Brasil, o ecletismo arquitetônico foi uma corrente dominante, principalmente, nos projetos de urbanização e reurbanização de cidades como Rio de Janeiro (a reforma Pereira Passos), São Paulo, Manaus e Belo Horizonte. Foi uma tendência dentro do chamado academicismo propagada pela Academia Imperial de Belas Artes e posteriormente, pela Escola Nacional de Belas Artes, durante o século XIX.
A fachada e o tratamento ornamental do prédio da antiga Escola Normal da capital mineira conciliam diversas influências numa composição extremamente sofisticada. Destacam-se elementos ornamentais e arquitetônicos oriundos do neoclássico e do renascentismo. Além disso, o uso de materiais como o ferro e o vidro nos mostram as possibilidades construtivas originadas pela revolução industrial.
Com partido arquitetônico em “E”, o prédio do Instituto de Educação é composto por dois pavimentos e um porão. (Figura 3) A fachada se ordena de acordo com o “padrão grego”: empregaram-se colunas apenas no pórtico, na porta de entrada. Percebe-se claramente que houve a preocupação em obter a sensação de monumentalidade mediante o efeito das massas. E a ornamentação (apesar de ser abundante) subordina-se aos elementos arquitetônicos. Aplicam-se ornamentos clássicos (greco-romanos), renascentistas e modernos.

A composição da fachada do IEMG possui um bloco central ladeado por duas alas de forma quadrangular, que se desenvolvem em torno de um vazio e que estão distribuídas simetricamente em relação ao eixo. O acesso principal se dá por uma grande escadaria ladeada por duas rampas.
Na fachada do Instituto de Educação destaca-se um pórtico, ou seja, uma parte avançada no lado da entrada do prédio, sustentada por quatro colunas com capitéis jônicos com volutas arrematadas por entablamentos decorativos (no templo grego, o entablamento é a parte horizontal de uma ordem clássica, apoiada sobre as colunas e normalmente composta de uma cornija, um friso e uma arquitrave), modilhões (cabeça da viga do entablamento do templo grego) e motivos florais. Estes se inspiram mais no estilo renascentista que propriamente neoclássico.
A disposição das colunas na fachada do Instituto de Educação é do tipo tetraestilo (quatro colunas na fachada). Na entrada principal do edifício (portaria A), tem-se simetricamente posicionadas um conjunto de três portas e três janelas elaboradas e ornamentadas a partir de materiais mistos (madeira, grade\ferro, vidro e estuque). O portal, ou seja, o conjunto de portas principais do prédio tem uma entrada modelada artisticamente: é emoldurado por pilastras decorativas com entablamento “sustentado” por dois consolos (suportes de pedra) e coroada no seu centro com um belo medalhão ricamente ornado com elementos da nossa flora. As portas são tipo “portas francesas” com seis almofadas quadrangulares de vidro distribuídas simetricamente e decoradas com elementos metálicos (grade de ferro batido, sem solda) de formas geométricas formando um elegante desenho de inspiração art déco. As janelas do andar superior são recortadas obliquamente na parede, arco pleno, com enquadramento constituído por molduras com vedação em vidro e na parede decoradas com frisos lisos e com motivos florais de estuque que seguem a forma obliqua das janelas.

O telhado (com telhas francesas) pode ser caracterizado como “telhado escondido”. Esse tipo de telhado, muito usado pelos romanos, foi um elemento chave do Renascimento italiano que foi amplamente copiado em outros lugares e em outras épocas. A sua inclinação é muito baixa e, portanto, fica completamente oculto por uma densa cornija.
De acordo com Pádua (1999), após a grande reforma dos anos de 1926 a 1930, o Instituto de Educação de Minas Gerais passou a ter 13.200 m² de área total e 98 m de fachada. Esta última pode ser dividida em três partes, a saber, um bloco central ladeado simetricamente por outros dois blocos quadrangulares idênticos. Cada uma dessas alas laterais da fachada do IEMG pode ser subdividida em três partes, sendo que a parte central de cada uma delas está em um plano mais avançado em relação às outras duas. Contudo, em comparação ao pórtico (a entrada principal do Instituto), esta parte se apresenta recuada. Em suma, as alas laterais têm esse trecho em plano mais avançado, no eixo, delimitado por pilastras e encimado por entablamento e platibanda com elementos decorativos, mais altos que o restante do bloco formando um volume em destaque, muito comum nas fachadas da arquitetura eclética. A platibanda é uma faixa horizontal que emoldura a parte superior do prédio e que tem a função de esconder o telhado Os vãos são distribuídos simetricamente: três no corpo central, um eixo em cada lateral ladeado por três. Parte dos enquadramentos é arrematada com elementos decorativos em relevo e todos são separados por pilastras com capitéis (extremidade superior das pilastras) e base de forma simples retangular.Esses relevos decorativos são feitos em estuque. Este pode ser definido como uma espécie de argamassa que obtém rigidez e solidez com o tempo. É feito com gesso ou cal fina e areia, algumas vezes misturada com pó de mármore”. Esses elementos decorativos foram agregados a fachada e interior do prédio por meio de pinos de ferro ou de armações de arame. Segundo alguns autores, vários desses arranjos eram criados no próprio espaço da obra pelos artífices. Depois de secos, os trabalhos de estucaria, as paredes e os forros foram pintados em cores diversas as superfícies planas foram pintadas de cor de rosa, os relevos receberam tinta branca e os elementos metálicos foram pintados na cor grafite claro..

CONCLUSÃO

O prédio do Instituto de Educação de Minas Gerais representa ao mesmo tempo um exemplar importante da arquitetura eclética da capital mineira e um símbolo da modernização da cultura brasileira, realizada a partir do século XIX, que abre um portal para a compreensão da dinâmica da vida urbana e que reflete a pluralidade cultural brasileira.. As suas linhas e formas, a fusão de linguagens, o interesse acentuado por novos ícones, a ideia de que a arte e a história devem ser mais ricas do que a realidade, a importância atribuída ao virtuosismo e à noção de abundância, os novos ritmos de fruição e o consumo, derivados da tecnologia industrial, típicos da arquitetura eclética e nos conduzindo a um olhar dialético entre a permanência e a renovação, entre o passado e o presente;

Texto de apresentação do primeiro número da Revista do IEMG


Esta revista nasce de um projeto que foi gestado desde a época das comemorações do centenário de fundação da Escola Normal de Belo Horizonte (o atual Instituto de Educação de Minas Gerais). Resulta de um processo de amadurecimento, que, nos últimos anos, buscou o desenvolvimento quantitativo e qualitativo da nossa instituição de ensino. A equipe que desenvolveu esse projeto é formada por Ângela Teles, Ronaldo Campos e Rosa Maria Vicente Ribeiro[1].
A oportunidade de realizar uma nova revista de educação não se explica somente pelas necessidades internas do IEMG. Mas também pode ser apresentada no fato de que, nos dias de hoje, os problemas educacionais no Brasil não são mais problemas apenas dos educadores. Tornaram-se, pela sua gravidade e pelo impacto que provocam em outras áreas da sociedade, problemas nacionais, sobre os quais todos opinam e decidem: políticos, administradores públicos, profissionais e pesquisadores de outros campos, empresários, organizações da sociedade civil, entre outros. Nesse contexto, é importante que o IEMG tenha um canal próprio de divulgação, que possa contribuir para esse debate, trazendo o aporte da pesquisa e da reflexão metódica sobre os assuntos educacionais.
Por todos esses motivos, é com muita alegria que entregamos à população de Belo Horizonte a primeira edição da “Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais”.  Esta publicação é um belo convite aos alunos, professores, funcionários e comunidade em geral de Belo Horizonte e do nosso Estado para conhecer uma das mais importantes instituições públicas de ensino através de um trabalho criterioso de pesquisa. A “Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais” é para você um presente e uma oportunidade de conhecer um pouco mais a beleza e a riqueza dessa escola centenária 


[1] Ângela Teles é natural de Monte Azul (MG). Formada em pedagogia pela PUC-MG. Tem pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior e de Orientação educacional. Trabalhou na PUC-MG  como coordenadora de aulas de psicologia dos cursos emergências e na extensão da Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo
Ronaldo Campos é graduado em História e Filosofia pela FAFICH\UFMF. Tem mestrado em estética e filosofia da arte. Leciona no Instituto de Educação e no UNI-BH.
Rosa Maria Vicente Ribeiro foi aluna do IEMG e se formou em magistério no ano de 1968. É bacharel em artes plásticas pela Guignard, tem licenciatura plena em educação artística, artes plásticas e arquitetura de interiores pela FUMA (UEMG). Cursou desenho, estilismo e fotografia (pelo CENEX\UFMG). É professora do IEMG desde 1992.

Educação Patrimonial

A educação patrimonial configura-se como uma proposta ainda pouco difundida, embora reveladora de um trabalho que pode tornar-se facilitador de um tipo conhecimento critico e consciente por parte das comunidades e indivíduos acerca do seu patrimônio cultural, fortalecendo o seu sentimento de pertencimento. Ou seja, esse processo de educação é um campo propicio ao desenvolvimento do conceito de Patrimônio Cultural, permitindo a absorção de novos referenciais para sua seleção e democratização das práticas culturais. Por esta razão a educação patrimonial deve ser entendida como uma atividade continua e cotidiana, envolvendo todos os segmentos que compõem a comunidade escolar, objetivando preservar os marcos e as manifestações culturais, compartilhar responsabilidades e esclarecer dúvidas, conceitos e, concomitantemente, divulgar trabalhos técnicos e informativos pertinentes e seus respectivos resultados. Em suma, um processo de educação do olhar que ocorrerá tanto  no âmbito da educação formal como da educação não formal, utilizando situações e ações que provoquem reações, interesses, questionamentos e reflexões sobre o significado e o valor de todo o acervo cultural do IEMG.
Entende-se por cultura um sistema de atividades e modos de agir, costumes e instruções de um povo, meio pelo qual o homem se adapta às condições de existência, transformando a realidade. Cultura é um processo em permanente evolução, diverso por natureza e rico em desdobramentos. É um desenvolvimento de um grupo social, uma nação, uma comunidade, fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento dos seus valores espirituais e imateriais.
O bem cultural é o produto do processo, assim como os elementos da natureza que proporcionam ao ser humano conhecimento e consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca. O patrimônio cultural de um povo é formado pela soma dos seus bens culturais. Cada bem cultural seja objeto, monumento, canções ou obras de arte é testemunho de uma época da história, que nos permite conhecer o passado, compreender o presente e planejar o futuro, resgatando informações importantes que auxiliam as pesquisas atuais no sentido de melhorar o mundo em diversas áreas do conhecimento.


“Memória viva, uma visão interdisciplinar: o passado e o presente através da Revista Pedagógica do IEMG”

“Memória viva, uma visão interdisciplinar: o passado e o presente através da Revista Pedagógica do IEMG”

Ronaldo Campos
Mestrado em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Graduado em História e Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Professor de História do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG)
E-mail: campos.ronaldo5@gmail.com


Resumo

O trabalho em questão aborda um dos projetos realizados pelo Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) com apoio do Colégio e Pré-vestibular Chromos, sob coordenação do professor Ronaldo Campos. Este projeto surgiu a partir das comemorações do centenário de fundação da Escola Normal Modelo e teve como objetivo a implantação da educação patrimonial e de para gerar o sentimento de pertencimento, identidade e preservação do Instituto de Educação. Dentro dessa perspectiva, foi criada uma revista impressa destinada a resgatar a memória escolar, divulgar os trabalhos e pesquisas de alunos e professores do IEMG que contribuiu no processo de conscientização.

Palavras-chave:  memória – narrativas – cultura material escolar - preservação do patrimônio

O artigo em questão aborda o projeto “Memória viva, uma visão interdisciplinar”, realizado no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) em parceria com o colégio e o pré-vestibular Chromos, sob a coordenação de Ângela Machado Teles, Ronaldo Campos e Rosa Maria Ribeiro Vicente. O eixo fundamental desse projeto surgiu na época da comemoração do centenário de fundação da Escola Normal de Belo Horizonte (1906-2006) visando preservar e divulgar a história e a importância dessa instituição escolar através de ações que visavam sensibilizar alunos, professores, funcionários e demais membros da comunidade escolar para uma mudança radical de atitude, a saber, de espectadores passivos da proteção e preservação do patrimônio artístico-cultural para protagonistas ativos desse processo. Conscientizando-os do papel de formador e divulgador permanente da memória e do patrimônio cultural do seu grupo social e, em especial, do Instituto de Educação de Minas Gerais. Pois, acreditamos, que não basta simplesmente restaurar a estrutura arquitetônica, é impressindível também construir a consciência de preservação, apropriação e proteção naqueles que vivem o dia a dia da escola a partir de ações propostas pela educação patrimonial.
O Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) é uma escola tradicional de grande destaque no cenário estadual e nacional. Responsável pela formação de muitas gerações de mineiros. É uma das maiores escolas da rede estadual de Minas Gerais atendendo a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, o magistério pedagógico e a educação de jovens e adultos. Localizado atualmente no bairro Funcionários, no quarteirão central que se extende da rua Pernambuco à rua Paraíba, da rua Timbiras à avenida Carandaí, tem a sua origem na fundação da Escola Normal Modelo, pela Lei nº 439, de 28 de setembro de 1906. Instalada oficialmente na capital mineira no no mês de março de 1907 sob a direção de Aurélio Pires e responsabilidade e fiscalização do Secretário do Interior, na época, Manuel Thomaz de Carvalho Britto.
A criação da escola normal da capital se insere dentro de uma ampla reforma da instrução primária que buscava um novo profissional, técnico e competente, pois, de acordo com o relatório do governo apresentado pelo Secretário do Interior, Delfim Moreira, os professores mineiros que atuavam naquela época não possuiam uma formação adequada. Sendo impressindível “

[...] melhorar as condições de capacidade profissional do futuro professor, não seria desacertada a criação nesta capital, de um instituto normal superior, estabelecimento modelo, calcado sob os melhores moldes, destinado a servir de tipo ou paradigma aos outros estabelecimentos iguais, criados ou equiparados, e a preparar professores para as escolas singulares das cidades, as grupadas que fossem instituídas e as normais inferiores (MINAS GERAIS, 1905, p.123).

Seu edifício de alto valor artístico e histórico foi concebido para ser o Gynasio Mineiro. O projeto original é de autoria do desenhista e arquiteto Edgar Nascentes Coelho e sua execução de Francisco Soucasseaux, Aurélio Lobo e Bento Medeiros. Adotou o espírito do estilo oficial utilizado para as edificações da época em que se projetou a nova capital: um ecletismo mesclado com elementos neoclássicos e de outras escolas artísticas. A construção teve início em 1897 e finalizada no ano seguinte, “mas o prédio teve outra função. Foi destinado pelo governo para a instalação do Tribunal de Relação e demais departamentos do fórum” (CAMPOS, 2012, p.08) Em 1909, a Escola Normal Modelo foi transferida para o prédio do Tribunal de Relação, na rua Pernambuca, 47. De 1926 a 1930, foi realizada uma ampla reforma desse prédio quando foi apresentada a nova fachada desenhada pelo arquiteto Carlos Santos, o mesmo do Grupo Escolar Pedro II.  Em 1946, pela Lei Orgânica do Ensino Normal - Decreto-Lei n. 8.520, de 2 de janeiro, a Escola Normal Modelo passou a ser designada de Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais (IEMG) e a Escola de Aperfeiçoamento foi substituída pelo Curso de Administração Escolar (CAE) ministrado a partir de então pelo IEMG. A nova instituição escolar passava a ter por função atuar na formação de professores para o ensino normal e para a ocupação de cargos da administração do ensino estadual.
Por essa lei, os novos institutos de educação deveriam englobar do jardim de infância até a especialização para professores primários e a habilitação em administração escolar. Essa lei é parte integrante das reformas instituídas por Gustavo Capanema. Na década de 50, ocorreu um incêndio provocado por um curto circuito, iniciado na biblioteca geral, destruindo o Grupo Escolar de Demonstração do IEMG. Reconstruído e inaugurado dois anos depois. O CAE funcionou no Estado de Minas Gerais entre os anos de 1946 a 1969. No final da década de 60, foi extinto pela lei nº. 5.540/1968, sendo substituído pelo curso de Pedagogia do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). De 1970 até 1995, funcionou como instituição vinculada à Secretaria de Estado da Educação. Em 1995, passou a integrar a FaE/CBH-UEMG e o IEMG foi equiparado às outras escolas estaduais, mas foi mantido o Curso Normal de Nível Médio (conhecido como Magistério) com o objetivo de formar profissionais para atuarem na educação infantil.
A ideia de propor um projeto na época do centenário da Escola Normal Modelo se deu em virtude da sua importância histórica, social e cultural tanto para Belo Horizonte como para o restante do Estado de Minas Gerais. O Instituto de Educação é depositário de um riquíssimo acervo museológico e documental, construído desde o final do século XIX. Outro fator decisivo foi a constatação de que a história do Instituto está fortemente presente na memória coletiva dos mineiros.
Primeiramente, no biênio 2007-2008, realizamos uma roda de conversa com os alunos da escola, onde foram apresentados vários projetos desenvolvidos em outras instituições culturais-educativas similares ao IEMG.  Nesse momento, também foram destacados como essas propostas foram aplicadas e os resultados obtidos. A partir daí, iniciou-se um trabalho que integrou toda a escola e que foi coordenado por uma equipe interdisciplinar formada por Ronaldo Campos (professor de história), Rosa Maria Ribeiro Vicente (professora de artes), Maria Inêz Gonçalves Silva Lima  (professora de biologia), Cesaltina Pereira dos Santos (professora de matemática), Marília Júnia de Andrade (professora de história) e Luiz Carlos Tomich (Museu da Escola). Na primeira fase dos trabalhos, buscou-se um diálogo constante tanto com os alunos como com os professores acerca da temática proposta. Era importante saber o que eles entendiam por cultura, memória, patrimônio, identidade cultural, preservação, etc.
Em seguida, as ideias foram amadurecendo e dando origem a uma série de atividades desenvolvidas pelos professores e alunos que envolviam toda a comunidade escolar, buscando resgatar a missão originária do IEMG ao pensar a instrução pública a partir de uma postura dinâmica e empreendedora que une tradição e modernidade visando enfatizar a importância da pesquisa histórica e da reflexão metódica sobre os assuntos educacionais numa abordagem interdisciplinar, resignificando a práxis docente. O envolvimento dos alunos e professores nos vários projetos desenvolvidos a partir do ano de 2008 demonstra que os envolvidos ultrapassaram o conteúdo curricular e criaram uma espécie de diálogo entre teoria e prática num abordagem pedagógica de sala de aula expandida. Geralmente, os projetos foram muito bem aceito por professores, que reconheceram nestas atividades alternativas a posssibilidade de trabalhar com temas transversais de forma interdisciplinar. Dentre esses projetos, destaca-se entre outros, o “Projeto Educação e Patrimônio – escolas tombadas de Belo Horizonte: nossas escolas no IEMG”, em 2008, em parceria com o IEPHA; o “Projeto Conhecer para preservar – sujeitos da memória, também em 2008, em parceria com o Museu da Escola destinado aos  funcionários da limpreza, da manutenção e da administração; o “Projeto Protagonismo Juvenil – Gente de Cultura”, em 2009, em parceria com o IEPHA, direcionado para os alunos do ensino médio que se transformaram no ano seguinte como multiplicadores do saber.
O nosso projeto original previa a produção de um livro, contudo, em virtude do pouco tempo e dos escassos recursos disponíveis para a realização de uma pesquisa historiográfica mais aprofundada, optou-se pela criação de uma revista periódica que tivesse o propósito de aproximar alunos e professores do acervo do IEMG, das atividades de pesquisa, levando a redescobrir a história da sua escola através de antigas fotos, filmagens, livros e outros tipos de fontes históricas que estavam perdidas ou esquecidas. Ao mesmo tempo, em que eles conseguiriam destacar a importância da preservação do patrimônio público que compõem a memória da educação e dos seus principais atores da nossa cidade e do nosso Estado.
A Revista Pedagógica do IEMG é uma publicação anual impressa com tiragem de aproximadamente seis mil exemplares que são distribuídos gratuitamente. Esse periódico se estrutura a partir de uma base dupla: de um lado, o resgate da história do Instituto, do outro, a visibilidade de práticas pedagógicas inovadoras. No primeiro caso, ao resgatar a história e a importância do IEMG, é possível orientar uma série de ações para um trabalho de conscientização e preservação do prédio do IEMG. Pois, preservar o patrimônio artístico e histórico de uma cidade é uma forma de reviver o nosso passado e de compreender a nossa identidade cultural. Nesse processo busca-se a valorização, o conhecimento e a preservação do patrimônio cultural de nossa escola. Para tanto, na revista e nas aulas diárias, sempre que possível, busca-se como fundamentação teórico-metodológica as propostas de temas transversais. No segundo caso, a revista é um importante veiculo para divulgar os projetos e trabalhos dos professores promovendo a troca de conhecimento, uma ação interdisciplinar e o debate entre a comunidade escolar.
O nosso grande desafio é o de criar na revista um espaço para se apresentar novas propostas, pensar e redefinir as práticas educativas, construir elementos para uma gestão democrática dentro da escola. Pois, é sabido por todos que os grandes desafios atuais da educação brasileira podem ser superados e até vencidos através do contato, da conversa e da troca de experiências, que envolve alunos, pais, professores, coordenadores, gestores e, claro, a comunidade em que a nossa escola faz parte. Então, essa revista pode ser considerada um reforço pedagógico adicional para melhorar a nossa prática educativa\formativa.
O primeiro número da Revista Pedagógica do IEMG, de agosto de 2012, reuniu uma série de trabalhos e grupos de estudo\pesquisa que foram produzidos entre o ano de 2006 e 2011, com forte ênfase no aspecto histórico e no debate acerca da importância da preservação do patrimônio histórico-artístico e cultural da nossa escola. Pois, o Bem Cultural materializa e torna possível os sentimentos de identidade, compartilhamento e de pertencimento evocado pela memória e pela cultura. Possibilitando a partir dele a construção de identidades\memórias coletivas, fortalecendo os elos comuns e a herança que futuramente será transmitida às novas gerações. De acordo com os grandes historiadores, a única possibilidade de enxergar as “imagens do passado” é nos colocando na história. Esta se dá na relação entre o presente e o passado, ou seja,  para cada presente há um passado, pois o universo da experiência humana é infinito. Essas ideias trazem de modo implícito a noção de história como “a ciência dos homens no tempo” (BLOCH, 2001, p.55) que deve ser realizada a partir de tudo o que a engenhosidade do historiador permite [...] Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que pode e deve informar-nos sobre ele. (LE GOFF, 2003, p.107) Gagnebin nos lembra que no pensamento de Ricoeur
[...] a história é sempe, simultaneamente, narrativa (as histórias inumeráveis que a compõem; Erzahlung, em alemão) e processo real (seqüência das ações humanas em particular; Geschitchte), que a história como disciplina remete sempre às dimensões humanas da ação e da linguagem e, sobretudo, da narração (GAGNEBIN, 2006, p. 43)

Nos quatros números da Revista Pedagógica do IEMG, é possível perceber que ao lado dessa concepção de história adotamos também a concepção de escola como um lugar da memória, isto é, a instituição escolar como um espaço carregado de elementos simbólicos presentes na sua estrutura física e que são significativos para a história\memória do grupo social que vivenciou esse local da memória. A arquitetura escolar não é neutra e guarda elementos que são verdadeiros recados do passado para o presente no formato de monumentos. Por exemplo, basta prestar bastante atenção a algumas características de uma sala de aula típica, tais como: o formato retangular da sala, a porta de entrada próxima à mesa do professor, o alinhamento das carteiras, os alunos agrupados sob o paradigma númerico, idade e nível de aprendizagem, a aula ministrada a partir de um dado horário e um programa previamente estabelecido, para descobrir que essas características nos remetem as oficinas do início da revolução industrial. De acordo com Cortez; Souza (2004, p.07),

Outras marcas são ainda mais velhas: o aviso de silêncio na biblioteca, o desenho do pátio e dos corredores guardam à memória dos mosteiros; as aulas expositivas das primeiras universidades, os exercícios dos colégios medievais. O quadro-negro e o giz, a lembrança dos salesianos no século XVII. A entrada da escola, com seu hall de circulação e os muros que a rodeiam, abriga prescrições contra-reformistas.

Todos os elementos e estruturas citados fazem parte da história e da etnografia escolar possuem uma grande força de evocação e fazem parte, menos de uma memória histórica tradicionalmente concebida, e bem mais das lembranças e memórias  dos que por eles passaram. Pois, a  memória (nos seus atos de lembrar e esquecer) se enraíza no espaço concreto, no gesto, na imagem, no objeto. Não é singular, mas plural. É afetiva, atual, criativa, múltipla, desacelerada, coletiva, plural e individualizada. Nasce de um grupo que ela une, pois, nas palavras de Halbwachs (1990), há tantas memórias quantos grupos existem. A memória individual é enriquecida pela memória coletiva. Esta é gerada e propagado através dos depoimentos que os sujeitos autorizados enunciam através dos diversos lugares sociais. Para Nora (1993, p. 09), a história é sempre problemática e incompleta. Algo que não existe mais: uma forma de representar o passado. Bem diferente do fenômeno da memória que pode ser definido como algo sempre atual: um elo vivido no eterno presente. Pois, sendo “afetiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes que a confortam; ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censura ou projeções.” (NORA, 1993, p. 09).

A memória não é um receptáculo passivo – a memória é ativa. Só podemos nos lembrar das coisas que significam algo para nós. Assim, organizamos nossas memórias de um jeito que elas façam sentido antes que nos lembremos das coisas. Memórias sem sentido são não-memórias, coisas de que não podemos nos lembrar. Mas ‘significado’ não é simplesmente uma categoria subjetiva [...]Não nos lembramos das memórias que não têm significado para nós. Organizamos a memória da maneira como desejamos falar sobre elas. (FENTRESS, 2007, p.36).

O nosso objetivo desde o início foi o de valorizar a memória e a identidade do IEMG a partir de um processo onde o aluno, o professor e os demais membros da comunidade escolar possam se identificar, reconhecer, valorizar e contribuir para a preservação da memória, da história e do patrimônio arquitetônico-artístico do Instituto de Educação. É importante lembrarmos que os valores e o significados não se encontram a priori nas coisas mesmas, não foram previstos desde que o bem cultural foi constituído. Por isso eles precisam ou ser explicitados ou construídos. Esse é um processo permanente que é produzido a partir das interrelações que o sujeito estabelece entre o passado, o presente, a sua realidade e as pessoas com as quais convivem. Isto por que memória, patrimônio, cultura e identidade são termos abstratos e que não existem por si mesmos. Só existem a partir das relações que são estabelecidas pelas pessoas de uma determinada sociedade que vive numa época e num local específicos. Pois, a memória não é propriamente uma reconstrução, mas sim uma reconstituição do passado a partir dos nossos questionamentos no presente. Para Meneses (2007, p. 26), “Toda memória é social. Tudo bem – mas por quê? Porque pressupõe interlocução. [...] existe memória individual, lembrança, rememoração [...] e só quando se socializa é que ela pode aparecer.”
Nos seus quatro números já editados, a Revista Pedagógica do IEMG partiu da ideia de que para haver uma narrativa significativa é importantíssimo que exista uma escuta atenta. Nós – a equipe que produz a revista – tomou para si essa tarefa e buscou formas para contribuir para que os atores desse processo se reconheçam como parte dessa história e que compartilhem do sentimento de pertencimento ao Instituto de Educação. Assim, ao resgatar depoimentos, memórias e histórias do passado, estamos contribuindo para o processo de construção de narrativas que permitam a constituição e a legitimação da identidade social, da memória coletiva dessa instituição escolar e dos discursos\ações de preservação do seu patrimônio material e imaterial.
Ao longo do processo de construção da revista, evitamos impor uma visão de mundo como a única ou a mais adequada (a mais certa). Trabalhamos com a premissa de que as pessoas (que fazem e fizeram parte da história do IEMG) são capazes (a partir do seu conhecimento\ da sua vivência prévia) de “escolher” o que vai ser preservado\lembrado. Sem a necessidade de ficar o tempo todo dizendo “esse bem cultural” ou “tal história\memória” tem um grande valor e, por isso, merece ser reconhecido\preservado. E, assim, estamos valorizando a(s) história(s) das pessoas. Resgatando do silêncio e do esquecimento histórias\narrativas de personagens ‘excluídos’ da história tradicional. Privilegiando relatos orais e os conhecimentos não sistematizados. Tornando a memória como algo que transcende “o passado que já se foi” e indica um futuro como campo de possibilidades que se busca construir, onde elementos culturais têm a função de evocar o passado e articular um discurso de legitimação para torná-lo significativo. A memória\o passado se torna uma metáfora para definir quem somos “nós” e quem são os outros. Quem já fomos e quem queremos ser.

REFERÊNCIAS

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