Transformações
do espaço e da arte: a educação do olhar através do ensino das artes
Rosa
Maria Vicente Ribeiro
A
minha história no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) começou ainda na
juventude. Eu fiz o colegial e o ginásio aqui. E, em fins dos anos 60,
ingressei no curso normal. Naquela época, estudávamos muito. Era uma dedicação
total aos estudos. E eu tinha uma grande vontade de ser professora. Quando terminei o magistério descobri que era
apenas o começo de uma longa e frutífera carreira. Formei em bacharel em artes
plásticas (Escola Guignard\UEMG), licenciatura plena em educação artística e
artes plásticas (FUMA\UEMG), licenciatura em arquitetura de interiores
(FUMA\UEMG). Além dos cursos de extensão em desenho, estilismo fotografia (EBA\UFMG). Em 1992, o meu
trabalho no IEMG teve início efetivo. Certamente, essa data é muito marcante,
por que significou a minha reentrada na maravilhosa casa rosada. Mas agora como
uma colega dos meus queridos mestres.
O
meu ingresso na carreira de professora de artes e artista plástica foi
parcialmente influenciado pelo meu pai. Que além de ter um grande talento para os
trabalhos manuais e artesanato, gostava muito de arte. Outra influência
importante foi dada pelos meus professores aqui do Instituto. Destaco
principalmente Ronaldo Boschi. Ele foi um grande incentivador das artes aqui no
IEMG. Trabalhou de forma brilhante com a movimentação e a expressão corporal.
Ao
longo da minha trajetória como professora e artista plástica, descobri que a
prática educativa exige uma ação cada vez mais dinâmica e criativa que
estabelece uma interface com o mundo do trabalho. Assim, devemos sempre estar
atentos aos avanços científicos e tecnológicos. Mas sem esquecer que o
primordial é o desenvolvimento da capacidade do aluno aprender a aprender, de
aprender a fazer, fazendo.
Fotos de Rosa
Maria Vicente na época em que era normalista do Instituto de Educação (Foto:
reprodução\acervo de Rosa Maria Vicente)
O
ensino de arte possibilita ao aluno reconhecer as diversidades, estabelecer uma
autoimagem positiva, a se unir com o grupo, uma vez que o estudo das artes
implica em trabalhos coletivos, o que também ajuda na construção da sua
autonomia. Além disso, o ensino em Artes expande o repertório cultural do aluno
a partir dos conhecimentos estético, artístico e contextualizado, aproximando-o
do universo cultural da humanidade nas suas diversas representações.
A
disciplina de Artes, na escola, não tem por objetivo ilustrar conhecimentos,
festas cívicas ou escolares. Como todas as outras áreas do conhecimento humano,
tem por finalidade a construção e aquisição de conhecimento. A educação deve
ser capaz de formar um cidadão consciente dos seus deveres e direitos que é
capaz de participar ativamente da sua sociedade, da sua época. O ato de educar
implica em fazer escolhas, em fazer opções de modo consciente. As aulas de arte
se destacam por contribuírem de modo enfático para a educação do olhar. A arte
possibilita ao educando desenvolver uma sensibilidade estética e esta amplia a
sensibilidade, criatividade, percepção, originalidade, flexibilidade, reflexão,
imaginação, inventividade, o senso crítico e o senso estético, possibilitando
também, um grande crescimento e um aumento de sua capacidade de visualização e
memória visual, isso sem esquecer que contribui para que o aluno consiga
resolver problemas de ordem técnica e estética.
A
arte ao mesmo tempo em que é uma expressão da alma, uma manifestação da nossa
humanidade; é também a necessidade do ser humano se expressar. É um tipo de
fazer que utiliza uma gama muito variada de materiais na criação de obras que
podem ser relativamente duradouras (como as grande catedrais góticas) ou
efêmeras (como os belos movimentos do ballet clássico). Esses materiais são: a
pedra, os pigmentos, papeis, o espaço, o corpo, os gestos, a voz, entre muitos
outros.
Nas
aulas de arte, no decorrer da realização de propostas artísticas, o estudo do
desenho ganha uma grande importância tanto para a criança como para os mais
velhos. O desenho é a base de tudo. É o primeiro passo para toda e qualquer
criação artística. Representa a memorização daquilo que foi imaginado. No
espaço branco do papel, em desenhos de observação ou desenhos de criação, o
aluno pode se expressar de muitas formas. Pode explorar o espaço em primeiro
plano. E é a partir daí que o professor percebe o potencial criativo dos seus
alunos. Pela percepção e pelo olhar, o ser humano capta (como se fosse uma
câmera fotográfica) o mundo que o rodeia. E através da sua capacidade criativa
e dos procedimentos artísticos, ele recria através aquilo que os seus sentidos
apreendem. O ser humano é por natureza um ser criativo. Não existe ninguém que
não sabe desenhar ou não tem condições de representar através de signos e
formas os seus sentimentos, os seus sonhos, as suas ideias e o mundo que
conhece. Ou seja, o gesto do artista recria com a sua técnica o mundo (seja ela
o mundo real ou o mundo imaginário).
Como
nos diz Bachelard, no livro “O direito de sonhar”, “o próprio papel, com seu
grão e sua fibra, provoca a mão sonhadora pra rivalidade da delicadeza. A
matéria é, assim, o primeiro adversário do poeta da mão. Possui todas as
multiplicidades do mundo hostil, do mundo a dominar..” Logo, a partir do
domínio da técnica do desenho pode-se trabalhar com as cores, o sombreamento, o
claro e escuro, as perspectivas, entre outros.
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