terça-feira, 9 de setembro de 2014

Tempo de lembrar: memória sobre o Instituto de Educação de Minas Gerais




Educação: para onde vamos?

Txto escrito originalmente para a revista porElza de Moura

As mudanças que estão ocorrendo no mundo todo têm sido tão rápido que não há tempo para avaliação de resultados. Perguntamos: se em determinadas modificações deram certo, por que muda-las? Vaidade, novidades, espírito de destruição para dar lugar ao novo? A descontinuidade nos processo tem destruído muitas inteligentes iniciativas.
Fui do glorioso tempo da antiga Escola Normal Modelo, que tinha o objetivo principal de formar professores, que foram educadores. Se meninas eram visadas, por que também os meninos não seriam educadores? Mas os meninos queriam outras carreiras.
Frequentei durante sete anos contínuos a Escola Normal Modelo. Nessa escola, toda a organização, todos os programas de ensino visavam a formação da professora. E como tudo foi pensado e vivido em função desse objetivo, a menina que se matriculava na Escola, vindo do curso primário, frequentava o Curso de Adaptação, durante dois anos. Que coisa inteligente essa adaptação da criança para a pré-adolescência, amadurecendo sem atropelo. Terminando esse curso, vinha o Curso Preparatório, aquisição de cultura, alicerce da futura professora, feito em três anos. Professor tem que ter bases sólidas para despertar no aluno aquele “interesse profundo e permanente pela leitura”, como proclamava a professora Lúcia Casasanta, nas suas magníficas aulas de metodologia da língua, na antiga Escola de Aperfeiçoamento. Hoje o uso exagerado da informática é golpe da cultura, onde o limite de interesses variados é golpe de cultura.
Na Escola Normal Modelo líamos muito e com paixão. Depois do importante Curso Preparatório, passávamos ao Curso de Aplicação, durante dois anos, onde o objetivo principal era a formação futura professora, com mestras especializadas em pedagogia. E as alunas entravam no mundo do ensino, onde os grandes pedagogos, filósofos e psicólogos do mundo se tornaram nossa leitura corriqueira. Na observação das aulas nas classes anexas, o mundo da realidade nos era revelado. Período decisivo porque mostrava as verdadeiras vocações para o magistério. Nada era improvisado, e as alunas sabiam o que queriam na carreira de trabalho. Os cursos de magistério de escolas públicas e de colégios particulares foram profundamente importantes na história da educação em Minas. Por que foram extintos esses cursos? A troco do quê? Os atuais cursos de pedagogia não preparam os alunos para a importante missão de educar, mas para ter um emprego (embora ganhando uma miséria em trabalho que eleva uma nação). O amor ao trabalho de educar foi substituído por uma atividade desinteressante e cansativa.
Os professores da antiga Escola Normal Modelo marcaram as alunas com sua dedicação, cultura, preparo específico e nos transmitiram amor profundo e permanente pelo estudo. Através da minha saudade, lembro-me de D. Irene de Paula Magalhães, minha professora de metodologia e de suas colegas Benedita Valadares, Iris Rezende, Zélia de Almeida, Filocelina Matos de Almeida, do Curso de Aplicação e da figura inesquecível do diretor, professor Firmino da Costa. Do Curso de Adaptação e do Preparatório, há nomes que vivem conosco, apesar das falhas da memória: José Oswaldo de Araujo, Abgar Renault, Mário Campos, Rosaura Gonzaga, Edézia Rabelo, Branca de Carvalho Vasconcelos, Aníbal Matos, Maria Rita Bournier, a escultora Jeanne Louise Milde, famosa artista belga, privilégio único para nós, meninas adolescentes na época e muitos outros.  

Que os alunos de pedagogia de hoje também tenham no futuro lembranças tão significativas, como nós, alunas da antiga Escola Normal Modelo, tivemos.

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