Tempo de
lembrar: memória sobre o Instituto de Educação de Minas Gerais
Educação:
para onde vamos?
Txto escrito originalmente para a revista porElza
de Moura
As
mudanças que estão ocorrendo no mundo todo têm sido tão rápido que não há tempo
para avaliação de resultados. Perguntamos: se em determinadas modificações
deram certo, por que muda-las? Vaidade, novidades, espírito de destruição para
dar lugar ao novo? A descontinuidade nos processo tem destruído muitas
inteligentes iniciativas.
Fui
do glorioso tempo da antiga Escola Normal Modelo, que tinha o objetivo
principal de formar professores, que foram educadores. Se meninas eram visadas,
por que também os meninos não seriam educadores? Mas os meninos queriam outras
carreiras.
Frequentei
durante sete anos contínuos a Escola Normal Modelo. Nessa escola, toda a
organização, todos os programas de ensino visavam a formação da professora. E
como tudo foi pensado e vivido em função desse objetivo, a menina que se
matriculava na Escola, vindo do curso primário, frequentava o Curso de Adaptação,
durante dois anos. Que coisa inteligente essa adaptação da criança para a
pré-adolescência, amadurecendo sem atropelo. Terminando esse curso, vinha o
Curso Preparatório, aquisição de cultura, alicerce da futura professora, feito
em três anos. Professor tem que ter bases sólidas para despertar no aluno
aquele “interesse profundo e permanente pela leitura”, como proclamava a
professora Lúcia Casasanta, nas suas magníficas aulas de metodologia da língua,
na antiga Escola de Aperfeiçoamento. Hoje o uso exagerado da informática é
golpe da cultura, onde o limite de interesses variados é golpe de cultura.
Na
Escola Normal Modelo líamos muito e com paixão. Depois do importante Curso
Preparatório, passávamos ao Curso de Aplicação, durante dois anos, onde o
objetivo principal era a formação futura professora, com mestras especializadas
em pedagogia. E as alunas entravam no mundo do ensino, onde os grandes
pedagogos, filósofos e psicólogos do mundo se tornaram nossa leitura
corriqueira. Na observação das aulas nas classes anexas, o mundo da realidade
nos era revelado. Período decisivo porque mostrava as verdadeiras vocações para
o magistério. Nada era improvisado, e as alunas sabiam o que queriam na
carreira de trabalho. Os cursos de magistério de escolas públicas e de colégios
particulares foram profundamente importantes na história da educação em Minas.
Por que foram extintos esses cursos? A troco do quê? Os atuais cursos de
pedagogia não preparam os alunos para a importante missão de educar, mas para
ter um emprego (embora ganhando uma miséria em trabalho que eleva uma nação). O
amor ao trabalho de educar foi substituído por uma atividade desinteressante e
cansativa.
Os
professores da antiga Escola Normal Modelo marcaram as alunas com sua
dedicação, cultura, preparo específico e nos transmitiram amor profundo e
permanente pelo estudo. Através da minha saudade, lembro-me de D. Irene de
Paula Magalhães, minha professora de metodologia e de suas colegas Benedita
Valadares, Iris Rezende, Zélia de Almeida, Filocelina Matos de Almeida, do
Curso de Aplicação e da figura inesquecível do diretor, professor Firmino da
Costa. Do Curso de Adaptação e do Preparatório, há nomes que vivem conosco,
apesar das falhas da memória: José Oswaldo de Araujo, Abgar Renault, Mário
Campos, Rosaura Gonzaga, Edézia Rabelo, Branca de Carvalho Vasconcelos, Aníbal
Matos, Maria Rita Bournier, a escultora Jeanne Louise Milde, famosa artista
belga, privilégio único para nós, meninas adolescentes na época e muitos
outros.
Que
os alunos de pedagogia de hoje também tenham no futuro lembranças tão
significativas, como nós, alunas da antiga Escola Normal Modelo, tivemos.
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